Amados, amadas, amades. Minha mensagem anterior foi dedicada aos meus queridos leitores, pois sem eles esse site e todo meu compartilhamento de escrita não existiriam, mas senti falta de falar com outro público que me acompanha bastante: os escritores. É com imenso carinho que desejo dedicar esse texto aos escritores que me acompanham, pois dividimos as mesmas águas, páginas, angústias, alegrias e pesares em nossa jornada criativa, quer compartilhemos abertamente uns com os outros ou não.
Queridos/as/es escritores,
Já perdi a conta de quantas vezes pensamos em “dar só uma pausa”, nos deixamos levar pelos boletos, pelo relógio, pelas reuniões que poderiam ser um e-mail… Dar aquela parada na escrita para organizar a vida, sabendo que poderíamos não voltar. Mas por sorte nossas angústias falavam mais alto, os problemas não se resolviam, então escrevíamos. E olha: depois de escrever, tudo sumia. Tudo se resolvia. E o que não se resolvia já não queríamos saber mais, pois outras coisas novas iam surgindo.
E quantas coisas novas surgem em um ano inteiro! Muitas acabam, é verdade, mas também é maravilhoso o espaço que elas abriram para as coisas incríveis que surgiram logo depois. E escrevemos sobre tudo, queremos compartilhar tudo. E compartilhamos.
Mas quando compartilhamos, será que lembramos que alguém nos lê? Às vezes esquecemos.
Aí recebemos aquela mensagem dizendo que nosso texto mudou a percepção de alguém sobre algo, alegrou seu dia, botou seus pés no chão, deu coragem, foi o sopro de fôlego que faltava para alguém. Mas também recebemos — ou descobrimos — de quem não gostou, se sentiu afetado, “vestiu a carapuça” e se amargou, decidiu que teu trabalho não vale a pena ser acompanhado. Será que não vale?
Compartilhar exige coragem. E venho parabenizar você, escritor(a), pela sua coragem de continuar escrevendo.
É bem verdade que nem tudo que você escreveu, você viveu, e nem tudo que foi vivido está registrado à tinta — ou em caracteres. E essa é a beleza do criar: criar pelo que te transpassa, quer seja vivido, ouvido, lido, visto ou pensado. Sempre terá quem deteste, tanto quanto quem terá seu dia ou vida transformada por uma palavra sua — se lembra de todas as palavras lidas e ouvidas que transformaram algo dentro de você?
Parafraseando uma escritora que admiro muitíssimo, lhe digo: Que nada nos silencie, que ninguém nos pare, que a liberdade seja nossa própria substância, já que escrever é ser livre.
E deixo também um poema meu para te acompanhar em nessa jornada.
Um feliz 2023!
Escrever para si mesmo é fácil Escrever só o que outros querem ler também é fácil Difícil mesmo é escrever compartilhando um pouco de você com quem te lê sem esperar nada em troca Tocar sem esperar ser tocado Falar sem esperar ser ouvido Escrever sem esperar ser lido E ainda assim não parar de querer partilhar se conectar com quem nem sabia que você existia até o último verso*
*poema autoral escrito para o coletivo Ecos Poéticos em dezembro/2022
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