Em seu segundo romance, Luana Schrader — autora do romance Serendipity — apresenta a personagem Marianna voltando para sua cidade de Alvorecer do Sul (cidade fictícia localizada no interior do sul do Brasil) 12 anos após tentar fugir do que vivera por lá. Tendo que dar adeus à sua antiga vida na Itália por conta de um trágico acidente do qual foi uma das poucas sobreviventes, Marianna volta ao Brasil para resolver pendências acumuladas do falecimento de sua avó e se depara com uma nova vida “pronta” para ser vivida.

Sem conseguir dar conta do recente acidente que passou, e muito menos dos problemas mal resolvidos que começam a ressurgir logo que chega em sua cidade natal, Marianna diz a si mesma que é melhor “seguir o fluxo” dos dias até terminar de resolver as pendências de falecimento o quanto antes e poder voltar para a Itália e recomeçar por lá. No entanto, a viagem que era para ser uma breve passagem passa a ser cada vez mais prolongada, à medida que retoma o contato com seus amigos e conhecidos de infância da antiga cidade e, claro, com as mágoas guardadas de um relacionamento interrompido por ela anos atrás.

Há muitos desdobramentos e reviravoltas ao longo da história, sendo Marianna e Afonso os personagens e casais mais intensos — de todas as formas possíveis. O romance é narrado em primeira pessoa e o universo interno de Marianna é o grande protagonista da história. Conflitos entre um passado trágico, presente ameno e futuro incerto fazem a personagem oscilar entre seus medos e desejos, mas, por fim, sempre tomando suas decisões buscando honrar sua liberdade e a chance que a vida lhe deu de recomeçar.

A atmosfera mágica que dá nome ao livro fica por conta das expressões da natureza e das manifestações do cotidiano que se desdobra para Marianna quando ela decide viver um dia por vez. Desde a lenda chinesa Akai Ito, que fala sobre um fio vermelho que conecta pessoas e corações, até a onipresença de sua querida avó, a sutileza das sincronicidades reforçam, para a personagem, a importância de fazer valer seu renascimento em vida seguindo em frente, fazendo as pazes com seu passado e escolhendo os melhores caminhos para continuar realizando seus sonhos.

De escrita fluída e rica em detalhes, Fios do Destino é uma leitura leve, porém com cenas de acidentes, aborto e abandono que podem ser gatilhos para alguns leitores, então é importante deixar clara essa informação.

No que diz respeito ao design do livro, o Faraglioni da ilha italiana de Capri é a imagem que ilustra a capa, o início de cada uma das 4 partes da história, o epílogo e é também um dos cenários principais da história, ao lado de Alvorecer do Sul. O tamanho da fonte é confortável para os olhos e a divisão das cenas é marcada com uma pequena ilustração de avião, o que facilita a leitura dos capítulos longos e não nos deixa com aquela agonia de “preciso terminar o capítulo de qualquer jeito”, já que podemos parar em qualquer parte sem nos perdermos.

Indico Fios do Destino para quem gosta de romances românticos, mas nem tanto, e quem gosta de ler com a sensação de que está vendo um filme. Cheiros, texturas, cores, sabores… Um tipo de escrita que também está presente no romance de estreia da Luana, Serendipity, e que faz o leitor mergulhar na história como quem mergulha nas águas de Capri.

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