Resenha em vídeo: Das Tarefas Domésticas, de Paula Quintão

Nesse livro, Paula nos apresenta o invisível por trás do invisível, ou como ela diz “o rio que corre embaixo do rio” das tarefas domésticas. Muitas vezes invisibilizadas e até rejeitadas por outras mulheres, as tarefas domésticas são pilares que nos possibilitam manter certa ordem dentro e fora de nós, além de nos abrir para uma conexão mais sutil com a ancestralidade das mulheres da nossa família. Ao enxergarmos a importância dessas tarefas, também enxergamos a importância dessas mulheres e trazemos suas memórias para perto de nós, dentro de nós. É a casa como um lugar sagrado, o sagrado no dia a dia, nos pequenos detalhes — porém não tão pequenos — do nosso interior que permite nosso exterior existir. Acompanhe Paula Quintão: Instagram Site YouTube

Resenha: Ciranda da Mulheres Sábias, de Clarissa Pinkola Estés

Assim como Mulheres que Correm com Lobos, que foi minha primeira resenha desde que iniciei esse quadro, A Ciranda das Mulheres Sábias foi um livro que me abraçou profundamente a cada página, cada história contada, verso cantado e prece proclamada. Sim, preces. Clarissa é poeta, psicanalista junguiana e PhD em tratamentos pós traumáticos pela Union Institute & University. Em seus textos e pesquisas, Clarissa foca na interpretação do inconsciente através da análise de arquétipos presentes em diversos mitos e histórias, especialmente dos povos ameríndios e mexicas/astecas, que são suas origens familiares. Em A Ciranda das Mulheres Sábias – Ser jovem enquanto velha, velha enquanto jovem, Clarissa trata do arquétipo da Velha Sábia e suas mais variadas aparições, apresentando um pouco das suas histórias e memórias familiares. O diálogo entre suas lembranças sobre as mulheres com as quais conviveu durante a infância e o arquétipo apresentado mostra ao leitor que a Velha Sábia não tem idade, rosto nem nacionalidade, mas está dentro de qualquer mulher e se manifesta das mais diversas formas, desde que tenha espaço para tal. A Velha Sábia é um caldeirão de misturas que vai desde a simplicidade da anciã até a vivacidade da jovem, passando por momentos de calmaria e firmeza que se apresentam em seu momento oportuno. É essa multiplicidade — por vezes denominada selvagem, em oposição à submissão esperada da mulher em qualquer idade e por qualquer motivo — que, quando admitida e acolhida pela própria mulher sobre si mesma, movimenta seu fluxo de vivacidade apesar da avançada idade, quando se espera que ele esteja como um rio seco, e traz centramento e racionalidade à juventude terna que, por muitos, também é vista como tola. Ao fim do livro, a autora apresenta nove preces dedicadas às “Velhas perigosas e suas filhas sábias e indomáveis”. São preces curtas, profundas e que falam de amor, união, descobrimento e crescimento dessas mulheres dentro de si mesmas e umas com as outras. O mantra que permeia toda obra “Quando uma pessoa vive de verdade, todos os outros também vivem” encerra o livro e introduz uma biografia poética da autora nas últimas páginas. Terminei esse livro com uma sensação bem parecida com a qual terminei o Mulheres que correm com lobos: como se houvesse uma figura feminina segurando a minha mão. No Mulheres foi como a figura de uma irmã, uma irmã mais velha que sabia tudo o que eu pensava porque até pouco tempo tinha as mesmas questões. Em Ciranda das Mulheres Sábias foi como ter todas as mulheres que vieram antes de mim, de ventre em ventre, segurando as mãos umas das outras até chegar em mim, que decidi segurar firme na mão delas e nunca soltar. Indico esse livro para todas as mulheres que estão se reconhecendo no caminho das sábias ou que já trilharam boa parte dele. Que entenderam ou buscam entender que tudo começa e termina dentro da gente, mas cada parto que a gente faz — de ideias, de nós mesmas, de outras mulheres — passa para frente um pouco do que carregamos dentro nós.

Foto Histórica – Escritoras do RJ – 12/06/2022

Foto histórica de escritoras cariocas no TMRJ: eu fui ❤️📚E foi cheio! Foi lindo!12/06/2022 Veja aqui um pedacinho do evento Veja minha entrevista para o canal da Cristiane Oliveira Veja aqui a matéria do jornal O Globo sobre o evento (13/06/2022)

Mês das Mulheres – Livros que me marcaram como Mulher

©Todos os direitos reservados Parafraseando bell hooks, a teoria também pode ser um lugar de cura ❤️‍🩹📕 Aproveitando o mês da Mulher, vim neste curto vídeo falar um pouco sobre duas obras que foram/são um grande marco na minha caminhada de entendimento do Ser Mulher, em especial na sociedade ocidental. 📚O Segundo Sexo, de Simone de Beauvoir 📚Mulheres que Correm com Lobos, de Clarissa Pinkola Estés

Resenha: As origens e comemoração do dia Internacional das Mulheres, de Ana Isabel González

©Todos os direitos reservados Que o dia Internacional da Mulher é um dia simbólico das nossas lutas por direitos isso já entendemos, mas qual é a origem desse dia? Em “As origens e comemoração do dia Internacional das Mulheres” a pesquisadora Ana Isabel González faz um levantamento histórico dos movimentos feministas ao redor do mundo — em especial Europa (Ocidental e Oriental) e Estados Unidos, os grandes centros de luta por direito das mulheres — com o objetivo de rever os acontecimentos “míticos” que marcam esse dia, em especial o incêndio da fábrica têxtil em Nova York, que erroneamente é conhecido como um marco do movimento feminista. O que a autora revela é que, por mais relevante que seja esse e outros acidentes semelhantes, estes são fatos isolados do movimento feminista e da criação do Dia Internacional da Mulher. Segundo as pesquisas de González, o movimento feminista surgiu simultaneamente nos EUA, França, Inglaterra e Rússia, já dividido entre o feminismo burguês e o operário. Apesar das diferenças, a luta pelo sufrágio — o direito ao voto — foi o que uniu essas duas correntes por um bom tempo. A Rússia segue um calendário diferente do ocidental, então o “8 de março” surgiu no ocidente, pois lá era outra data. Inclusive, existiram diversas datas para marcar esse dia de luta de direitos até que o 8 de março fosse estabelecido. Acredito que conhecer o passado é importante para compreender o presente e construir um futuro melhor ou, no mínimo, diferente. Todos os fatos apresentados são muito esclarecedores e interessantes de se pensar. Apesar de teórico, o livro tem uma linguagem fluida e não senti dificuldades com a leitura. Talvez quem não esteja familiarizado com o tema sinta alguma dificuldade para acompanhar a ordem das informações, que nem sempre estão em ordem cronológica. No fim do livro a autora disponibiliza uma lista da bibliografia utilizada, anexo com 5 textos mencionados ao longo do livro e uma lista de siglas e instituições também mencionadas em sua pesquisa. As origens e comemoração do dia Internacional das Mulheres é um livro que indico para qualquer pessoa que queira se esclarecer sobre as origens dos movimentos feministas e sobre os direitos que lutamos continuamente para manter. “Nem na família, nem no âmbito público eu tinha ouvido falar sobre toda dor que a mulher deve suportar.” Ottilie Baader, apud González, p.53.