Carollina da Costa Barbosa

Pesquisadora – Professora – Escritora – Revisora – Mestra em Linguística Aplicada

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Day: April 29, 2020

Solitude em tempos de quarentena

Posted on 29 de April de 202030 de September de 2025 by carollinaterapeuta

Em época de quarentena prolongada, a necessidade de ficar em casa forçadamente  tem trazido sentimentos e vivências diversas para cada um de nós. Uns estão em casa com sua grande família, outros estão em casal, outros com seus filhos/crianças pequenas, outros sozinhos ou com seus animais de estimação… Cada um está experimentando esse momento de um jeito diferente, e com isso tendo reações diferentes. Embora seja um momento incomum, esta é uma grande oportunidade – senão única – de olhar com mais atenção para si mesmo e para a real vida que você vive quando não pode fugir dela. Digo fugir porque quantos de nós não usamos a “correria do dia a dia” como desculpa para não olhar o que é essencial – o que precisa de cuidado, de mudança – o que precisa da nossa real atenção por qualquer motivo que seja. Fugimos para não ter trabalho, para não precisar encontrar respostas que não queremos ou mesmo perguntas que não temos coragem de fazer a nós mesmos. E no meio desse processo há dois tipos de sentimentos que podem surgir: o sentimento de Solidão ou o de Solitude. Não, eles não são sinônimos. Em Solidão temos a sensação de abandono, de tristeza e até desesperança. É aquela sensação de vazio, de que falta algo e que o fim desse sentimento será dado por uma manifestação externa a nós. O sentimento é maior do que a gente e nos sentimos quase que reféns de algo que, muitas vezes, nem sabemos o que é. Já em Solitude há o contentamento em estar consigo mesmo. Uma sensação de tranquilidade, até mesmo de alívio, por estar apenas em sua própria companhia. Uma situação prazerosa na qual a pessoa pode dar mais atenção a si mesma e a suas próprias questões sem ser “incomodada” por distrações externas. Na solitude há a sensação de leveza e liberdade. Tanto a Solidão quanto a Solitude podem existir em ambientes no qual a pessoa esteja pessoalmente sozinha ou acompanhada, porque ambos são sentimentos internos. Até mesmo a Solidão, que aparentemente aponta uma causa e solução externas a nós, é, na verdade, algo que começa dentro da gente. Enquanto vivenciamos a quarentena, temos a chance de avaliar qual dos dois está em nós e porquê. Sem fugir de si mesmo Mas não há mais como fugir. Neste momento a vida está nos dando o grande presente de nos reavaliarmos – sim, um presente – e qual a melhor forma de recebê-lo a não ser vivenciá-lo? É verdade que há chances de não gostarmos do que iremos encontrar enquanto fazemos essa grande “faxina” em nós, em nossa casa e em nossas vidas, mas também há a oportunidade de mudarmos nosso olhar sobre muitas coisas que nos incomodavam até então. Olhar para os detalhes aparentemente insignificantes da nossa vida e rotina e nos tornamos gratos por sua existência. Avaliar quais são as lentes dos nossos “óculos de enxergar a vida” e trocar por outras novas e melhores. Podemos rever, por exemplo, como estão os nossos relacionamentos com as outras pessoas. Amigos, parentes, pessoas que moram conosco, colegas de trabalho… Como está nosso relacionamento com nós mesmos, com nossas finanças, nossa casa, nossa saúde… São relacionamentos saudáveis ou tóxicos? Algo precisa/pode ser melhorado? Por quê? Como? São infinitas as reflexões que podemos ter. Talvez você deva estar pensando “Mas se eu começar a questionar tanto só vou me sentir mal”. Calma. Como sempre digo, nada disso é feito do dia para a noite. Não é para fazer uma lista das perguntas e começar a produzir respostas como se fosse uma prova de vestibular. A principal intenção das reflexões é sempre o autoconhecimento, para sabermos de fato como nos sentimos e por quê, e o empoderamento, que nos tira da posição de vítima e nos devolve ao banco de motorista da nossa própria jornada. Num dia a dia comum, não é muito difícil vivermos no piloto automático e ignorarmos o que se passa dentro de nós. Através das reflexões surge a oportunidade de olharmos não só para as coisas que nos entristecem, mas também para as que nos causam tanta felicidade, e muitas são tão pequenas que jamais notaríamos se não fossemos obrigados a ficar em casa com nós mesmos 24h por dia. O sol que seca suas roupas e o cheiro bom que fica nelas por isso, aquele cheirinho de café fresco que você toma todas as manhãs mas mal deve se lembrar como é, aquele momento relaxante depois do almoço que você não podia curtir porque passa o dia na rua, aquele seu livro favorito que você não lê há anos, o simples toque do travesseiro no seu rosto quando deita… Coisas tão corriqueiras e tão simples que são verdadeiros presentes quando paramos para vivê-las de verdade. E é a vivência desses pequenos momentos, um atrás do outro, que nos provoca o sentimento de Solitude. E depois… Mais do que nunca estamos aprendendo o valor de uma boa companhia. Ao sermos obrigados a nos afastar uns dos outros e até a negar abraços estamos despertando para a importância do afeto, do carinho, do companheirismo, da relação saudável. Quem irá querer perder tempo brigando e perturbando um amigo ou pessoa querida quando poderá abraçá-la e acabar com a saudade? E como tudo começa dentro da gente, que tal começarmos a nos cuidar para sermos uma melhor companhia para nós mesmos para, depois que tudo isso passar, podermos receber com mais leveza e carinho todas as pessoas queridas que veremos de novo?

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CONTATO: contato@costacarollina.com.br

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