“Quem pensa certo está cansado de saber que as palavras a que falta a corporeidade do exemplo pouco ou quase nada valem.” Página 29.


Pedagogia da Autonomia foi minha primeira leitura de um livro inteiro do Paulo Freire. Já tive contato com suas obras antes, por conta da faculdade, mas apenas capítulos soltos para estudar algo mais pontual.O pernambucano Paulo Freire (1921-1997) foi formado primeiramente em direito, tornando-se, ao longo de sua vida, professor de Língua Portuguesa, Filosofia, História da Educação. Em seu exílio durante a ditadura militar no Brasil, Freire chegou a lecionar em Harvard, foi consultor do Departamento de Educação do Conselho Mundial das Igrejas em Genebra, além de percorrer diversos países auxiliando nos planos educacionais. Ele também foi o criador de um método inovador de alfabetização para adultos. É considerado até hoje um dos grandes pensadores da história da pedagogia mundial e patrono da educação brasileira.
Em Pedagogia da Autonomia, Freire aborda a relação entre educadores e educandos, enfatizando a necessidade da aproximação desses dois universos. Para ele, é indispensável que a educação em sala de aula dialogue com a realidade de mundo do aluno a fim de fazer com que ele enxergue sua realidade — e qualquer outra diferente da sua — com um olhar mais crítico, entendendo que nada é tão simples quanto parece. Avesso à educação bancária e aos fatalismos, Freire afirma que para a educação ser transformadora é necessário que o professor transforme também a si mesmo, visto que não se pode exigir do aluno compreensões que também não apresentamos. Ele reforça a visão de que ensinar e aprender são ações complementares e não opostas, e que sem a participação autônoma do aluno durante o processo de aprendizado não há construção de novos saberes — que é um dos principais objetivos da educação libertadora — apenas a reprodução de saberes fatidicamente repetidos.
O livro é dividido em 3 capítulos + prefácio, com algumas referências de outras obras ao longo do livro, mas todas organizadas em notas no final de cada capítulo. Freire faz também referência a outras de suas obras, como a Pedagogia do Oprimido, uma outra obra dele muito famosa. Além disso, o livro também apresenta exemplos de práticas pedagógicas para ajudar o professor a refletir melhor sobre suas próprias práticas.
Existe ainda a ideia de que apenas estudantes de pedagogia devem ler sobre pedagogia, mas, ao meu ver, o estudo de pedagogia é essencial para qualquer professor, independente do conteúdo ou nível escolar em que trabalhe — ou mesmo se trabalha em escola.Indico a leitura desse livro a todos os meus colegas de profissão, independente de suas formações ou seu público de sala de aula. 

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