Resenha em vídeo: Das Tarefas Domésticas, de Paula Quintão

Nesse livro, Paula nos apresenta o invisível por trás do invisível, ou como ela diz “o rio que corre embaixo do rio” das tarefas domésticas. Muitas vezes invisibilizadas e até rejeitadas por outras mulheres, as tarefas domésticas são pilares que nos possibilitam manter certa ordem dentro e fora de nós, além de nos abrir para uma conexão mais sutil com a ancestralidade das mulheres da nossa família. Ao enxergarmos a importância dessas tarefas, também enxergamos a importância dessas mulheres e trazemos suas memórias para perto de nós, dentro de nós. É a casa como um lugar sagrado, o sagrado no dia a dia, nos pequenos detalhes — porém não tão pequenos — do nosso interior que permite nosso exterior existir. Acompanhe Paula Quintão: Instagram Site YouTube

Resenha: Organize-se num Minuto, de Donna Smallin

Como já é comum por aqui, gosto de iniciar o ano com alguma resenha que fale sobre organização e para iniciar 2023 escolhi o livro Organize-se num Minuto, de Donna Smallin (tradução de Maria Alayde Carvalho). Organize-se num Minuto é um livro simples composto por 500 dicas práticas de organização divididas em duas partes: Como se organizar e Como se manter organizado. As dicas de organização abordam diversas áreas da vida — de gestão de tempo, passando por organização financeira, organização da casa, escritório e outros — e podem ser colocadas em prática imediatamente após a leitura da dica. Por ser um livro mais para consulta do que para leitura corrida, você pode pegar para ler quando quiser e apenas a parte necessária no momento, mas também pode ler ele todo em poucas horas. O design é colorido e com algumas ilustrações, a linguagem é simples e bem humorada. Indico esse livro a todos que querem começar 2023 com a vida mais organizada. Um feliz 2023 a todos!

Resenha: “De Repente, Natal”, de Luana Schrader

Em De repente, Natal, Luana Schrader — autora dos romances Serendipity e Fios do Destino — estreia com sua primeira coletânea de contos natalinos, trazendo para o leitor um pouco da atmosfera mágica do natal em quatro histórias de contextos e personagens distintos. No conto Chalé para dois, a autora apresenta a história dos colegas de escritório Melanie Abrams e Ethan Archibald, dois personagens avessos ao natal e que não se dão muito bem. No entanto, ao se verem forçados a compartilhar a companhia um do outro desde o voo para fugirem do natal de Noa Iorque até a estadia dos chalés de inverno, descobrem que podem apreciar a companhia um do outro muito mais do que imaginavam. Em Surpresa de Natal, Olive encontra um filhote de cachorro abandonado amarrado em um poste numa bela e fria manhã londrina enquanto estava presa em um engarrafamento. Ao socorrê-lo, encontra Henry, um veterinário que também iria socorrer o animalzinho. Ao ver que Olive iria adotá-lo, Henry se oferece para examiná-lo o quanto antes e ambos descobrem que podem ter muito mais coisas em comum além do seu amor pelos animais. Entre cigarros e croissants, um beijo de Natal conta a história da portuguesa Catarina que decide tirar umas férias da sua vida indo passar o natal sozinha em Paris. Desde seu desembarque, seus caminhos têm cruzado com os do francês Gustave, que mora em Lyon e estava apenas de passagem por Paris. Dois desconhecidos que sabiam pouco mais do que os nomes um do outro, mas decidiram dar uma chance ao destino e às surpresas do natal parisiense, mesmo que a magia não dure para sempre. Por fim, Um presente de Natal apresenta a história de Sofia que, após o difícil fim de um longo relacionamento amoroso, é premiada com uma viajem à cidade de Gramado com tudo pago no estilo da Fantástica Fábrica de Chocolate. Durante a viagem ela conhece Odete, que com sua história de vida irá transformar magicamente o rumo da vida de Sofia. São histórias ao mesmo tempo mágicas e humanas. Quatro contos curtos de leitura leve e fluida que nos mostram, acima de tudo, que a magia do natal está dentro de nós, apenas precisamos nos permitir vivê-la. Indico esse livro para todos que gostam de histórias natalinas e querem se sentir ainda mais envolvidos por essa atmosfera nesse final de ano. Clique aqui para conhecer e adquirir os livros da autora

Resenha: Todos os versos que plantei para te ver florir, de Maria Clara

Em Todos os versos que plantei para te ver florir, Maria Clara ressignifica diversas palavras como verbetes de seu dicionário particular de forma leve e poética. Com palavras que permeiam o cotidiano, além de um traço de brasilidade e carioquice, Clara passa ao leitor a beleza dos detalhes escondidos entre um café corrido e o ponto de ônibus, entre o dormir olhando as estrelas e acordar com o sol iluminando o rosto. E nada melhor do que poesia para ressaltar o belo que está escondido nos simples detalhes. Cada página contém uma palavra que é ressignificada pelo olhar da autora, e juntas contam pequenas histórias que, não raro, passam ou já passaram pelo nosso olhar corrido e desatento aos pequenos momentos. Apesar de não ser explicitamente dividido, os 3 primeiros verbetes ganharam mais de um poema para o seu ressignificado, enquanto que os outros recebem apenas um poema. Um livro curto, leve e que pode ser lido em um dia. Eu, particularmente, preferi ler um poema-verbete por dia para alongar ao máximo a leveza que o livro me trouxe. Indico para todos que gostam de poesia e buscam um novo olhar para o cotidiano que está a sua volta.

Resenha: A casa do Escritor, de Vera Lúcia M. Carvalho

Como leitora, acredito que podemos apreciar diversos tipos de leitura pelos mais diversos motivos e todos contribuírem com nossa bagagem de leitores e, porque não, também com a nossa bagagem pessoal. O livro “A casa do Escritor” é um romance espírita escrito por Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho publicado em 1993. Embora seja um gênero que eu não fale muito por aqui, leio e decidi compartilhar uma resenha sobre a obra. Ditado por Patrícia, o livro narra a trajetória da moça pelas diversas escolas e casas de estudo das realidades espirituais que ela visita. Acompanhada por amigos de longa data, Patrícia visita A Casa do Escritor, uma escola de estudos sobre psicografia para desencarnados que se localiza em uma colônia brasileira. Nesta escola, os desencarnados desenvolvem suas habilidades na comunicação escrita a fim de conseguirem transmitir mensagens aos encarnados através da transmissão de pensamento e psicografia de forma não violenta e benéfica para os dois lados, visto que estas duas habilidades podem ser utilizadas por qualquer desencarnado, de forma construtiva ou destrutiva. Da mesma autora de “Vivendo no mundo dos espíritos” e “Violetas na janela” (traduzido para três idiomas),  este livro é escrito em linguagem clara e acessível, porém mais voltado para um público que tenha conhecimento sobre o Kardecismo, por utilizar alguns termos próprios deste estudo/doutrina. No entanto, mesmo quem nunca teve contato com esse conhecimento entenderá a história sem dificuldades. Os romances espíritas não são voltados para a estética literária como estamos acostumados a analisar, então este é um livro que indico apenas para quem gosta do gênero e, com base em suas crenças, tem curiosidade sobre como seria a relação entre a espiritualidade e a escrita.

Resenha: Ciranda da Mulheres Sábias, de Clarissa Pinkola Estés

Assim como Mulheres que Correm com Lobos, que foi minha primeira resenha desde que iniciei esse quadro, A Ciranda das Mulheres Sábias foi um livro que me abraçou profundamente a cada página, cada história contada, verso cantado e prece proclamada. Sim, preces. Clarissa é poeta, psicanalista junguiana e PhD em tratamentos pós traumáticos pela Union Institute & University. Em seus textos e pesquisas, Clarissa foca na interpretação do inconsciente através da análise de arquétipos presentes em diversos mitos e histórias, especialmente dos povos ameríndios e mexicas/astecas, que são suas origens familiares. Em A Ciranda das Mulheres Sábias – Ser jovem enquanto velha, velha enquanto jovem, Clarissa trata do arquétipo da Velha Sábia e suas mais variadas aparições, apresentando um pouco das suas histórias e memórias familiares. O diálogo entre suas lembranças sobre as mulheres com as quais conviveu durante a infância e o arquétipo apresentado mostra ao leitor que a Velha Sábia não tem idade, rosto nem nacionalidade, mas está dentro de qualquer mulher e se manifesta das mais diversas formas, desde que tenha espaço para tal. A Velha Sábia é um caldeirão de misturas que vai desde a simplicidade da anciã até a vivacidade da jovem, passando por momentos de calmaria e firmeza que se apresentam em seu momento oportuno. É essa multiplicidade — por vezes denominada selvagem, em oposição à submissão esperada da mulher em qualquer idade e por qualquer motivo — que, quando admitida e acolhida pela própria mulher sobre si mesma, movimenta seu fluxo de vivacidade apesar da avançada idade, quando se espera que ele esteja como um rio seco, e traz centramento e racionalidade à juventude terna que, por muitos, também é vista como tola. Ao fim do livro, a autora apresenta nove preces dedicadas às “Velhas perigosas e suas filhas sábias e indomáveis”. São preces curtas, profundas e que falam de amor, união, descobrimento e crescimento dessas mulheres dentro de si mesmas e umas com as outras. O mantra que permeia toda obra “Quando uma pessoa vive de verdade, todos os outros também vivem” encerra o livro e introduz uma biografia poética da autora nas últimas páginas. Terminei esse livro com uma sensação bem parecida com a qual terminei o Mulheres que correm com lobos: como se houvesse uma figura feminina segurando a minha mão. No Mulheres foi como a figura de uma irmã, uma irmã mais velha que sabia tudo o que eu pensava porque até pouco tempo tinha as mesmas questões. Em Ciranda das Mulheres Sábias foi como ter todas as mulheres que vieram antes de mim, de ventre em ventre, segurando as mãos umas das outras até chegar em mim, que decidi segurar firme na mão delas e nunca soltar. Indico esse livro para todas as mulheres que estão se reconhecendo no caminho das sábias ou que já trilharam boa parte dele. Que entenderam ou buscam entender que tudo começa e termina dentro da gente, mas cada parto que a gente faz — de ideias, de nós mesmas, de outras mulheres — passa para frente um pouco do que carregamos dentro nós.

Mês das Mulheres – Livros que me marcaram como Mulher

©Todos os direitos reservados Parafraseando bell hooks, a teoria também pode ser um lugar de cura ❤️‍🩹📕 Aproveitando o mês da Mulher, vim neste curto vídeo falar um pouco sobre duas obras que foram/são um grande marco na minha caminhada de entendimento do Ser Mulher, em especial na sociedade ocidental. 📚O Segundo Sexo, de Simone de Beauvoir 📚Mulheres que Correm com Lobos, de Clarissa Pinkola Estés

Resenha: As origens e comemoração do dia Internacional das Mulheres, de Ana Isabel González

©Todos os direitos reservados Que o dia Internacional da Mulher é um dia simbólico das nossas lutas por direitos isso já entendemos, mas qual é a origem desse dia? Em “As origens e comemoração do dia Internacional das Mulheres” a pesquisadora Ana Isabel González faz um levantamento histórico dos movimentos feministas ao redor do mundo — em especial Europa (Ocidental e Oriental) e Estados Unidos, os grandes centros de luta por direito das mulheres — com o objetivo de rever os acontecimentos “míticos” que marcam esse dia, em especial o incêndio da fábrica têxtil em Nova York, que erroneamente é conhecido como um marco do movimento feminista. O que a autora revela é que, por mais relevante que seja esse e outros acidentes semelhantes, estes são fatos isolados do movimento feminista e da criação do Dia Internacional da Mulher. Segundo as pesquisas de González, o movimento feminista surgiu simultaneamente nos EUA, França, Inglaterra e Rússia, já dividido entre o feminismo burguês e o operário. Apesar das diferenças, a luta pelo sufrágio — o direito ao voto — foi o que uniu essas duas correntes por um bom tempo. A Rússia segue um calendário diferente do ocidental, então o “8 de março” surgiu no ocidente, pois lá era outra data. Inclusive, existiram diversas datas para marcar esse dia de luta de direitos até que o 8 de março fosse estabelecido. Acredito que conhecer o passado é importante para compreender o presente e construir um futuro melhor ou, no mínimo, diferente. Todos os fatos apresentados são muito esclarecedores e interessantes de se pensar. Apesar de teórico, o livro tem uma linguagem fluida e não senti dificuldades com a leitura. Talvez quem não esteja familiarizado com o tema sinta alguma dificuldade para acompanhar a ordem das informações, que nem sempre estão em ordem cronológica. No fim do livro a autora disponibiliza uma lista da bibliografia utilizada, anexo com 5 textos mencionados ao longo do livro e uma lista de siglas e instituições também mencionadas em sua pesquisa. As origens e comemoração do dia Internacional das Mulheres é um livro que indico para qualquer pessoa que queira se esclarecer sobre as origens dos movimentos feministas e sobre os direitos que lutamos continuamente para manter. “Nem na família, nem no âmbito público eu tinha ouvido falar sobre toda dor que a mulher deve suportar.” Ottilie Baader, apud González, p.53.

Resenha: Se Ligue em Você

Esse livro foi tão importante pra mim que ainda hoje, 15 anos depois de ter lido pela primeira vez, ele continua tendo um impacto lindo em mim. Não que eu leia sempre, mas só o simples olhar para a capa já me traz todo conteúdo de volta, como se eu tivesse acabado de lê-lo. Se Ligue em Você (vol.1), do autor Luiz Gasparetto, não é um livro de histórias, como a maioria dos livros infantis são. É um livro que apresenta o autoconhecimento para a criança de uma forma muito madura, porém com uma linguagem simples. O livro fala sobre a felicidade, a tal “luzinha” que não devemos deixar apagar em nós. Fala sobre as emoções que sentimos e como reconhecê-las em nós: Felicidade, tristeza, medo, coragem, frustração… Exatamente com essas palavras, dando nome às emoções de forma clara enquanto as explica mencionando contextos típicos da infância. Também fala sobre como nossos pensamentos influenciam nossas emoções ao compará-los com cenários imaginários e as emoções que estes provocam. É um livro que fala sobre amor, empatia, sobre compartilhar sua luz quando a do outro se apaga — porque todos podemos brilhar juntos e não apagar a luz de ninguém.É um livro bem curtinho, fino e ilustrado, com letras bem grandes. Dá para ler para os pequenos antes de dormir ou no meio da tarde, por exemplo. Meu primeiro contato com esse livro foi emprestado, era da neta da amiga da minha avó e a avó da menina quis emprestar para minha avó para eu ler. Foi um presente que ela ganhou de alguém que não conhecíamos e ninguém fazia ideia de onde ou como comprar o livro, então a única forma de eu tê-lo foi tirando cópia. Hoje em dia, graças às facilidades da internet, ele pode ser facilmente adquirido na Amazon nos formatos físico e digital. Só tenho a agradecer pela minha mãe ter permitido que eu lesse esse tipo de livro desde criança. Naquela época não era comum nem bem visto deixar crianças lerem livros de autoajuda ou que trouxessem reflexões mais profundas sobre a vida. A criança era sempre vista com uma certa incapacidade ou “burrice”. Nunca sabia nada, nunca entendia nada, não tinha opinião nem gostos para nada.Obrigada, mãe, por não ter comprado essas ideias loucas e ter me criado do seu jeito: o jeito do amor, da consciência e do respeito. Não existe medida humana que mensure o meu amor e gratidão por tudo que você sempre foi e é❤️

Resenha: Peanuts – felicidade é…

O Snoopy fez parte da minha infância com os brinquedos e desenhos, mas a leitura dos quadrinhos veio depois de adulta, me encantando mais ainda com a turminha do Charlie Brown!Considero esse livro de quadrinhos uma boa leitura para todas as idades. De forma leve, divertida, mas também reflexiva, essas tirinhas trazem para o leitor diversas formas de entender felicidade através do olhar de cada personagem. As histórias mostram como a felicidade pode ser encontrada em coisas simples e como algo que, para uns, é tão corriqueiro, pode ser uma grande felicidade para outros.A edição da foto tem 142 páginas, com duas tirinhas por página. As imagens são em preto e branco e a leitura do livro é na horizontal, o que acho bem confortável para minha vista que passa o dia inteiro olhando telas brilhantes e multicoloridas. .Lembro que meu gosto pela leitura, assim como as minhas experiências de escrita, começaram na minha infância quase como um trabalho em conjunto: aos 4 anos eu já ganhava livros de presente e ganhei um enorme de 365 histórias infantis que guardo até hoje com muito carinho e sem nenhuma traça, minha mãe lia pra mim todas as noites, meu pai compunha músicas e sempre me deixava ficar por perto quando ele escrevia ou tocava, minha dinda, sempre lia pra mim quando nos visitávamos… Com uns 7 ou 8 anos, escrevi um livrinho pra minha mãe depois de ler um poema (super empoderador para meninas, inclusive) no livro didático da escola, e assim fui indo.Isso tudo para dizer que o incentivo à leitura na infância tem um papel muito importante na construção de um leitor. É claro que nem toda criança desperta para leitura da mesma forma, mas é importante nós, como adultos, fazermos a nossa parte bem feita. Um feliz dia da Criança para todos os pequenos!

Resenha – Psicologias: uma introdução

Li o livro Psicologias ano passado na faculdade, para a matéria de Psicologia da Educação.Não li todo, apenas alguns capítulos que foram trabalhados durante o semestre, mas isso não é um problema porque esse é um livro feito para consulta, então o ritmo e ordem de leitura não interfere no entendimento do conteúdo.Li esse livro em duas edições diferentes: a de 2001 e de 2021, que é a da foto. Mencionar isso é importante porque houveram alterações nas edições — reorganização do conteúdo e adição de dois capítulos sobre psicologia e sociedade — e essa resenha se baseia na edição de 2021.O livro é dividido em quatro grandes partes. A primeira apresenta a história da psicologia desde a Grécia antiga, seguindo para as principais correntes da psicologia estudadas atualmente (Psicanálise, Behaviorismo e Psicologia Sócio-histórica) e um capítulo resumindo outras linhas (como a Psicologia Analítica de Jung, Fenomenologia e Gestalt Terapia), que são tão importantes quanto as primeiras, porém não são o foco principal do livro, que é a educação.A segunda parte é dividida nas áreas de conhecimento da psicologia (Desenvolvimento, Aprendizagem, Afetos e outros); na terceira são apresentados os temas teóricos mais recorrentes (identidade, sexualidade,  relações sociais e de trabalho) e na quarta parte é apresentada uma leitura das questões sociais contemporâneas, em especial do Brasil, pelo olhar das psicologias.Psicologias no plural porque cada corrente é uma lente diferente para ver o mundo, mas ao mesmo tempo todas se relacionam entre si, tendo igual importância para uma visão mais aprofundada de nós e das realidades que nos cercam.O livro é muito bom de manusear e a leitura é bem confortável. Na linguagem é inevitável não aparecerem alguns termos técnicos da área, mas o design do livro e a maneira como o conteúdo é apresentado e encadeado é tão didática que a linguagem não é um problema. O leitor pode ter, no máximo, um estranhamento que passa rápido.Sendo estudante de psicologia ou não (no meu caso, estudo Letras) eu indico muito esse livro. Acho que entender a subjetividade humana nunca é demais e pode nos ajudar muito de diversas formas.

Resenha: Educação em Língua Materna, de Stella Maris

(Resenha de 2020) Esse mês de Outubro é comemorado o Dia do Professor no Brasil, e como professora eu não poderia deixar um mês tão especial como esse passar em branco 👩‍🏫♥️Para comemorar, irei resenhar TRÊS livros específicos para esses profissionais e convido todos, mesmo quem não segue a carreira do magistério, a conhecer um pouco mais sobre os estudos e criações (sim, teremos um livro não teórico) dessa área. Educação em Língua Materna é um livro dividido em 8 capítulos + Sugestões de Leitura + Índice Remissivo que trata do ensino da língua portuguesa no Brasil ao lado do nosso “falar brasileiro”.A sociolinguística é um estudo que analisa o fenômeno da língua —fenômeno porque a língua é viva— na sociedade. Analisa, por exemplo, como a língua é usada em cada situação social, a variação regional, a diferença entre os falantes com educação formal (escola) e informal (apenas ouvindo e reproduzindo a linguagem do seu meio social) e a influência de todas essas diferenças no uso da língua pelos falantes.Nesse livro, Stella Maris faz um compilado de conhecimentos linguísticos e sociolinguísticos da língua portuguesa, mas sempre se preocupando em deixar claro cada conceito que é abordado, refletindo sobre uma maneira mais consciente do ensino de língua.E se engana quem acredita que os conceitos apresentados servem apenas para o ensino de português/língua materna. A visão língua+sociedade é essencial para o ensino de qualquer idioma, pois sem sociedade não existe língua, e esta precisa também servir à sociedade que a utiliza, por isso sempre sofre alterações como a criação de novas palavras ou palavras que caem em desuso.O livro tem por volta de 100 páginas, com letras grandes e linguagem fluída. Além disso, tem também algumas atividades com passo a passo para serem feitas em sala de aula.Seja um professor de língua ou um curioso, pode ler sem medo que a mensagem principal você vai entender: língua e sociedade andam lado a lado. 🤝

Resenha: Paulo Freire – Pedagogia da Autonomia

“Quem pensa certo está cansado de saber que as palavras a que falta a corporeidade do exemplo pouco ou quase nada valem.” Página 29. Pedagogia da Autonomia foi minha primeira leitura de um livro inteiro do Paulo Freire. Já tive contato com suas obras antes, por conta da faculdade, mas apenas capítulos soltos para estudar algo mais pontual.O pernambucano Paulo Freire (1921-1997) foi formado primeiramente em direito, tornando-se, ao longo de sua vida, professor de Língua Portuguesa, Filosofia, História da Educação. Em seu exílio durante a ditadura militar no Brasil, Freire chegou a lecionar em Harvard, foi consultor do Departamento de Educação do Conselho Mundial das Igrejas em Genebra, além de percorrer diversos países auxiliando nos planos educacionais. Ele também foi o criador de um método inovador de alfabetização para adultos. É considerado até hoje um dos grandes pensadores da história da pedagogia mundial e patrono da educação brasileira.Em Pedagogia da Autonomia, Freire aborda a relação entre educadores e educandos, enfatizando a necessidade da aproximação desses dois universos. Para ele, é indispensável que a educação em sala de aula dialogue com a realidade de mundo do aluno a fim de fazer com que ele enxergue sua realidade — e qualquer outra diferente da sua — com um olhar mais crítico, entendendo que nada é tão simples quanto parece. Avesso à educação bancária e aos fatalismos, Freire afirma que para a educação ser transformadora é necessário que o professor transforme também a si mesmo, visto que não se pode exigir do aluno compreensões que também não apresentamos. Ele reforça a visão de que ensinar e aprender são ações complementares e não opostas, e que sem a participação autônoma do aluno durante o processo de aprendizado não há construção de novos saberes — que é um dos principais objetivos da educação libertadora — apenas a reprodução de saberes fatidicamente repetidos.O livro é dividido em 3 capítulos + prefácio, com algumas referências de outras obras ao longo do livro, mas todas organizadas em notas no final de cada capítulo. Freire faz também referência a outras de suas obras, como a Pedagogia do Oprimido, uma outra obra dele muito famosa. Além disso, o livro também apresenta exemplos de práticas pedagógicas para ajudar o professor a refletir melhor sobre suas próprias práticas.Existe ainda a ideia de que apenas estudantes de pedagogia devem ler sobre pedagogia, mas, ao meu ver, o estudo de pedagogia é essencial para qualquer professor, independente do conteúdo ou nível escolar em que trabalhe — ou mesmo se trabalha em escola.Indico a leitura desse livro a todos os meus colegas de profissão, independente de suas formações ou seu público de sala de aula. 

Resenha: Ensinando a Transgredir, de bell hooks

(Resenha 2020) Eis aqui a terceira resenha desse mês tão especial👩‍🏫♥️ Em Ensinando a Transgredir, bell hooks tem como foco principal as salas de aula universitárias, mas isso não impede que suas observações também sejam aplicadas em qualquer outro ambiente de ensino. Ela aborda o uso de uma pedagogia crítica na sala de aula e a necessidade de trazermos o corpo para a presença em sala junto com a mente. Em seu ponto de vista, o professor não deve ensinar as teorias libertadoras como se fossem apenas textos bonitos, ele precisa vivê-las. A autora enfatiza tanto a necessidade de se colocar em prática as teorias pedagógicas ensinadas que chama essa prática de Pedagogia Engajada: o ato de praticar o que se ensina.Bell ressalta a importância do aprendizado mútuo e de reconhecermos que as nossas bagagens de vida e as dos alunos entram na sala de aula. Não existem “recipientes” vazios que precisam ser preenchidos com uma sabedoria absoluta, existem seres humanos com maior ou menor grau de conhecimento teórico sobre determinado assunto e que trabalham seus conhecimentos e estudos através de práticas pedagógicas construtivas para a criação de um bom senso crítico e reflexivo, e é na ativação dessa capacidade que temos a pedagogia libertadora em prática. Além disso, bell também aborda a importância do professor ensinar tendo prazer pelo processo e desconstrói a figura mitológica de Eros, relacionando-a com o prazer pelo aprender e ensinar.Unindo a pedagogia libertadora com os conceitos de mestre e aprendiz narrados pelo monge budista Thich Nhat Hanh e sua própria trajetória no feminismo negro, bell hooks narra suas experiências de vida, acadêmicas e de magistério mostrando na prática que desconstruir é possível e praticar novas teorias é necessário.