Resenha: Peanuts – felicidade é…

O Snoopy fez parte da minha infância com os brinquedos e desenhos, mas a leitura dos quadrinhos veio depois de adulta, me encantando mais ainda com a turminha do Charlie Brown!Considero esse livro de quadrinhos uma boa leitura para todas as idades. De forma leve, divertida, mas também reflexiva, essas tirinhas trazem para o leitor diversas formas de entender felicidade através do olhar de cada personagem. As histórias mostram como a felicidade pode ser encontrada em coisas simples e como algo que, para uns, é tão corriqueiro, pode ser uma grande felicidade para outros.A edição da foto tem 142 páginas, com duas tirinhas por página. As imagens são em preto e branco e a leitura do livro é na horizontal, o que acho bem confortável para minha vista que passa o dia inteiro olhando telas brilhantes e multicoloridas. .Lembro que meu gosto pela leitura, assim como as minhas experiências de escrita, começaram na minha infância quase como um trabalho em conjunto: aos 4 anos eu já ganhava livros de presente e ganhei um enorme de 365 histórias infantis que guardo até hoje com muito carinho e sem nenhuma traça, minha mãe lia pra mim todas as noites, meu pai compunha músicas e sempre me deixava ficar por perto quando ele escrevia ou tocava, minha dinda, sempre lia pra mim quando nos visitávamos… Com uns 7 ou 8 anos, escrevi um livrinho pra minha mãe depois de ler um poema (super empoderador para meninas, inclusive) no livro didático da escola, e assim fui indo.Isso tudo para dizer que o incentivo à leitura na infância tem um papel muito importante na construção de um leitor. É claro que nem toda criança desperta para leitura da mesma forma, mas é importante nós, como adultos, fazermos a nossa parte bem feita. Um feliz dia da Criança para todos os pequenos!

Resenha – Psicologias: uma introdução

Li o livro Psicologias ano passado na faculdade, para a matéria de Psicologia da Educação.Não li todo, apenas alguns capítulos que foram trabalhados durante o semestre, mas isso não é um problema porque esse é um livro feito para consulta, então o ritmo e ordem de leitura não interfere no entendimento do conteúdo.Li esse livro em duas edições diferentes: a de 2001 e de 2021, que é a da foto. Mencionar isso é importante porque houveram alterações nas edições — reorganização do conteúdo e adição de dois capítulos sobre psicologia e sociedade — e essa resenha se baseia na edição de 2021.O livro é dividido em quatro grandes partes. A primeira apresenta a história da psicologia desde a Grécia antiga, seguindo para as principais correntes da psicologia estudadas atualmente (Psicanálise, Behaviorismo e Psicologia Sócio-histórica) e um capítulo resumindo outras linhas (como a Psicologia Analítica de Jung, Fenomenologia e Gestalt Terapia), que são tão importantes quanto as primeiras, porém não são o foco principal do livro, que é a educação.A segunda parte é dividida nas áreas de conhecimento da psicologia (Desenvolvimento, Aprendizagem, Afetos e outros); na terceira são apresentados os temas teóricos mais recorrentes (identidade, sexualidade,  relações sociais e de trabalho) e na quarta parte é apresentada uma leitura das questões sociais contemporâneas, em especial do Brasil, pelo olhar das psicologias.Psicologias no plural porque cada corrente é uma lente diferente para ver o mundo, mas ao mesmo tempo todas se relacionam entre si, tendo igual importância para uma visão mais aprofundada de nós e das realidades que nos cercam.O livro é muito bom de manusear e a leitura é bem confortável. Na linguagem é inevitável não aparecerem alguns termos técnicos da área, mas o design do livro e a maneira como o conteúdo é apresentado e encadeado é tão didática que a linguagem não é um problema. O leitor pode ter, no máximo, um estranhamento que passa rápido.Sendo estudante de psicologia ou não (no meu caso, estudo Letras) eu indico muito esse livro. Acho que entender a subjetividade humana nunca é demais e pode nos ajudar muito de diversas formas.

Resenha: Educação em Língua Materna, de Stella Maris

(Resenha de 2020) Esse mês de Outubro é comemorado o Dia do Professor no Brasil, e como professora eu não poderia deixar um mês tão especial como esse passar em branco 👩‍🏫♥️Para comemorar, irei resenhar TRÊS livros específicos para esses profissionais e convido todos, mesmo quem não segue a carreira do magistério, a conhecer um pouco mais sobre os estudos e criações (sim, teremos um livro não teórico) dessa área. Educação em Língua Materna é um livro dividido em 8 capítulos + Sugestões de Leitura + Índice Remissivo que trata do ensino da língua portuguesa no Brasil ao lado do nosso “falar brasileiro”.A sociolinguística é um estudo que analisa o fenômeno da língua —fenômeno porque a língua é viva— na sociedade. Analisa, por exemplo, como a língua é usada em cada situação social, a variação regional, a diferença entre os falantes com educação formal (escola) e informal (apenas ouvindo e reproduzindo a linguagem do seu meio social) e a influência de todas essas diferenças no uso da língua pelos falantes.Nesse livro, Stella Maris faz um compilado de conhecimentos linguísticos e sociolinguísticos da língua portuguesa, mas sempre se preocupando em deixar claro cada conceito que é abordado, refletindo sobre uma maneira mais consciente do ensino de língua.E se engana quem acredita que os conceitos apresentados servem apenas para o ensino de português/língua materna. A visão língua+sociedade é essencial para o ensino de qualquer idioma, pois sem sociedade não existe língua, e esta precisa também servir à sociedade que a utiliza, por isso sempre sofre alterações como a criação de novas palavras ou palavras que caem em desuso.O livro tem por volta de 100 páginas, com letras grandes e linguagem fluída. Além disso, tem também algumas atividades com passo a passo para serem feitas em sala de aula.Seja um professor de língua ou um curioso, pode ler sem medo que a mensagem principal você vai entender: língua e sociedade andam lado a lado. 🤝

Resenha: Paulo Freire – Pedagogia da Autonomia

“Quem pensa certo está cansado de saber que as palavras a que falta a corporeidade do exemplo pouco ou quase nada valem.” Página 29. Pedagogia da Autonomia foi minha primeira leitura de um livro inteiro do Paulo Freire. Já tive contato com suas obras antes, por conta da faculdade, mas apenas capítulos soltos para estudar algo mais pontual.O pernambucano Paulo Freire (1921-1997) foi formado primeiramente em direito, tornando-se, ao longo de sua vida, professor de Língua Portuguesa, Filosofia, História da Educação. Em seu exílio durante a ditadura militar no Brasil, Freire chegou a lecionar em Harvard, foi consultor do Departamento de Educação do Conselho Mundial das Igrejas em Genebra, além de percorrer diversos países auxiliando nos planos educacionais. Ele também foi o criador de um método inovador de alfabetização para adultos. É considerado até hoje um dos grandes pensadores da história da pedagogia mundial e patrono da educação brasileira.Em Pedagogia da Autonomia, Freire aborda a relação entre educadores e educandos, enfatizando a necessidade da aproximação desses dois universos. Para ele, é indispensável que a educação em sala de aula dialogue com a realidade de mundo do aluno a fim de fazer com que ele enxergue sua realidade — e qualquer outra diferente da sua — com um olhar mais crítico, entendendo que nada é tão simples quanto parece. Avesso à educação bancária e aos fatalismos, Freire afirma que para a educação ser transformadora é necessário que o professor transforme também a si mesmo, visto que não se pode exigir do aluno compreensões que também não apresentamos. Ele reforça a visão de que ensinar e aprender são ações complementares e não opostas, e que sem a participação autônoma do aluno durante o processo de aprendizado não há construção de novos saberes — que é um dos principais objetivos da educação libertadora — apenas a reprodução de saberes fatidicamente repetidos.O livro é dividido em 3 capítulos + prefácio, com algumas referências de outras obras ao longo do livro, mas todas organizadas em notas no final de cada capítulo. Freire faz também referência a outras de suas obras, como a Pedagogia do Oprimido, uma outra obra dele muito famosa. Além disso, o livro também apresenta exemplos de práticas pedagógicas para ajudar o professor a refletir melhor sobre suas próprias práticas.Existe ainda a ideia de que apenas estudantes de pedagogia devem ler sobre pedagogia, mas, ao meu ver, o estudo de pedagogia é essencial para qualquer professor, independente do conteúdo ou nível escolar em que trabalhe — ou mesmo se trabalha em escola.Indico a leitura desse livro a todos os meus colegas de profissão, independente de suas formações ou seu público de sala de aula. 

Resenha: Ensinando a Transgredir, de bell hooks

(Resenha 2020) Eis aqui a terceira resenha desse mês tão especial👩‍🏫♥️ Em Ensinando a Transgredir, bell hooks tem como foco principal as salas de aula universitárias, mas isso não impede que suas observações também sejam aplicadas em qualquer outro ambiente de ensino. Ela aborda o uso de uma pedagogia crítica na sala de aula e a necessidade de trazermos o corpo para a presença em sala junto com a mente. Em seu ponto de vista, o professor não deve ensinar as teorias libertadoras como se fossem apenas textos bonitos, ele precisa vivê-las. A autora enfatiza tanto a necessidade de se colocar em prática as teorias pedagógicas ensinadas que chama essa prática de Pedagogia Engajada: o ato de praticar o que se ensina.Bell ressalta a importância do aprendizado mútuo e de reconhecermos que as nossas bagagens de vida e as dos alunos entram na sala de aula. Não existem “recipientes” vazios que precisam ser preenchidos com uma sabedoria absoluta, existem seres humanos com maior ou menor grau de conhecimento teórico sobre determinado assunto e que trabalham seus conhecimentos e estudos através de práticas pedagógicas construtivas para a criação de um bom senso crítico e reflexivo, e é na ativação dessa capacidade que temos a pedagogia libertadora em prática. Além disso, bell também aborda a importância do professor ensinar tendo prazer pelo processo e desconstrói a figura mitológica de Eros, relacionando-a com o prazer pelo aprender e ensinar.Unindo a pedagogia libertadora com os conceitos de mestre e aprendiz narrados pelo monge budista Thich Nhat Hanh e sua própria trajetória no feminismo negro, bell hooks narra suas experiências de vida, acadêmicas e de magistério mostrando na prática que desconstruir é possível e praticar novas teorias é necessário.

Resenha: Crônicas de Quem Ama Ensinar e Adora Aprender, de Zenilda Ribeiro

(Resenha 2020 – dia dos professores) A segunda resenha desse mês especial é sobre o livro Crônicas de quem ama ensinar e adora aprender, de Zenilda Ribeiro da Silva @zenilda.ribeiro.904 , com quem tenho a felicidade de partilhar páginas na antologia Mulheres Brilhantes Escrevem Poesia, da Editora Versejar📚 Zenilda é mestre em Letras pela UFCG/CFP, professora de língua portuguesa e escritora. Nesse livro, que foi lançado esse ano durante a pandemia, ela narra algumas situações que viveu ao longo de sua experiência em sala de aula e também algumas experiências fora de sala de aula que a fizeram refletir sobre o aprender e ensinar — seja lecionando, seja na vida diária. A linguagem é fluída, própria das crônicas, e como li a versão digital pude adequar o tamanho das letras para o meu conforto de leitura. É possível sentir o amor que Zenilda tem por sua profissão/carreira/vocação em cada parágrafo. Muitos deles deixaram meus olhos marejados e meu coração transbordando de felicidade por ver profissionais dessa área tão zelosos pelo que fazem. Suas crônicas também me trouxeram muitas reflexões sobre a profissão e o forte impacto da figura do professor na vida de um aluno e vice versa. Ensinar é de coração para coração. Nem as melhores máquinas poderiam substituir a pessoa do professor em contato com seus alunos. Seja em aulas presenciais ou virtuais, a conexão humana será sempre necessária para o aprendizado.“Nesse nosso fazer docente, é preciso que sejamos humanos, cuidando de almas humanas, neste mundo que está cada dia mais desumano.” Trecho da crônica Autoavaliação. Parabéns para todos os meus colegas de profissão pelo dia de hoje! 👩‍🏫♥️

Resenha: O Sabor da Harmonia, de Laura Pires

Nesse momento delicado de crise sanitária que o mundo está vivendo, pensei em trazer uma resenha um pouco diferente aqui pra página… Falar um pouco mais sobre saúde e bem estar, que também é uma parte de mim, só não é tão literária ou teórica quanto o que costumo apresentar por aqui. O Sabor da Harmonia é um livro que já tenho e releio faz alguns anos. Ele é um compilado que junta uma breve história da autora Laura Pires, a história e os conceitos básicos do Ayurveda (medicina tradicional indiana) e receitas ayurvédicas práticas, trazendo essa medicina milenar para nossas mesas no dia a dia. A leitura do livro é bem tranquila e fluída e o design das páginas é bem agradável, com letras de tamanho confortável e detalhes floridos nos cantos das páginas. É um livro que você pode ler direto num primeiro momento e depois ter apenas como consulta, sem ser preciso ler sempre de forma linear. Laura é nutricionista, Terapeuta Ayurvédica, pós graduada em Neuropsiquiatria, professora e escritora e está sempre dando palestras e cursos sobre culinária e estilo de vida ayurvédicos, além das postagens em seu Instagram sobre esse assunto. Ela também é autora de outros dois livros: Em Busca da Cura e Nutrindo Seus Sentidos. Esses ainda não li, mas tenho certeza que são tão bons quanto o dessa resenha. Esse livro eu não lembro onde comprei… Mas sei que pode ser adquirido pela Amazon, assim como o Nutrindo Seus Sentidos.  O Em Busca da Cura está disponível no sebo online Estante Virtual.

Resenha: Os Quatro Compromissos, de Don Miguel Ruiz

(Resenha de 2020) Eu tinha preparado uma outra resenha para meados desse mês, porém com a questão do Setembro Amarelo resolvi dar prioridade para um tema mais terapêutico. Don Miguel Ruiz é um instrutor de tratamentos terapêuticos baseados no antigo xamanismo Tolteca, do qual sua família é descendente (seu avô é um xamã nagal e sua mãe uma curandeira). Antes de seguir o caminho de seus ancestrais, Miguel se formou em medicina e chegou a ser neurocirurgião. Em Os Quatro Compromissos: O Livro da Filosofia Tolteca, o autor apresenta quatro compromissos que são a base da filosofia desse povo que teve sua origem em terras mexicanas. Os quatro compromissos são:1 – Seja impecável com a sua palavra: alinhe o que você sente com o que você diz. Seja verdadeiro.2 – Não leve nada para o lado pessoal: o que é seu é seu, o que é do outro é do outro.3 – Não tire conclusões precipitadas: pergunte, dialogue, fale e escute o outro com atenção.4 – Sempre dê o melhor de si: nem preguiça nem exaustão, dê o seu melhor e tenha sua consciência tranquila. É um livro que eu já li mais de uma vez e recomendo muito. Li antes, durante e depois da minha formação em terapia holística, e não só foi um divisor de águas na forma prática de eu encarar o mundo como também me traz diversas reflexões a cada vez que o leio.A edição da foto é um livro de 100 páginas, com letras confortáveis e pouco mais de um palmo de altura. Ele contém uma breve introdução contextualizando a história dos Toltecas e do Miguel. Embora pequeno, não posso dizer que já absorvi desse livro tudo o que podia — e será que é possível dizer isso de algum livro? 💛🌻

Resenha: Mulheres que Correm Com Lobos, de Clarissa Pinkola Éstes

(Resenha de 2020) Como estamos no Agosto Lilás, mês da conscientização pelo fim da violência contra a mulher, decidi escolher um livro que tivesse a mulher como centro da narrativa. Optei, então, pelo livro 🐺Mulheres Que Correm Com Lobos🐺 da autora ainda viva Clarissa Pinkola Estés, poeta e psicanalista norte americana especialista em tratamentos pós traumáticos.A versão em português desse livro pode ser facilmente encontrada online.🖱️ O livro se divide em 16 capítulos, além da introdução e notas finais, e cada capítulo apresenta uma lenda com um arquétipo feminino em cada uma delas. Depois de apresentar a lenda (algumas pesadas/traumáticas), Clarissa faz uma análise sobre o arquétipo feminino presente nessa lenda e e como esse arquétipo – ou a lenda inteira, vide Barba Azul – está tão presente na psique social que ronda a construção da mulher e seu papel social – ou a ausência dele.Nesse livro, a autora transcorre pela psique da leitora como se soubesse exatamente tudo o que ela pensa e viveu/vive, e cá entre nós, vivemos coisas muito parecidas.Li esse livro em 2016 e lembro que a cada vez que o abria era como se alguém estivesse falando comigo exatamente sobre questões que andavam na minha cabeça.De todas as lendas, a que mais me impactou foi a do Barba Azul, principalmente a análise dos arquétipos que a Clarissa faz.“Quantos Barba Azuis já não cruzaram meu caminho?” foi o que pensei. E perdi as contas.Leitora, você também perderia.Leitor, será que você é um Barba Azul e não sabe?Lendas e contos de fadas não são tão resistentes ao tempo por acaso, eles se conectam com a sociedade de forma atemporal por diversas razões. Subestimar essas histórias é um erro e isso é algo que Clarissa, como phd em psicologia, faz muito bem.Mulheres Que Correm Com Lobos é um livro que mistura literatura com autoconhecimento, que indico para todas as mulheres e também para os homens que tenham a mente aberta para enxergarem alguns arquétipos dos quais eles também fazem parte nessas histórias. Resenha: 18/05/2020